Quando eu ainda era jovem - entre 18 e 20 anos - o meu sonho era ser escritor. Para mim, o escritor era a pessoa mais extraordinária. Alguns colegas da prefeitura sabiam desse meu desejo. Certo dia apareceu ali, onde eu trabalhava, uma mulher, ainda jovem, vendendo seus livros. Era uma escritora. A primeira que conheci. Foi emocionante e ao mesmo tempo decepcionante, pois jamais imaginara que um escritor tivesse que andar de lugar em lugar para vender os seus livros. Um dos meus colegas me apresentou a ela, dizendo que eu também aspirava ser escritor. Ela deu uma breve atenção a mim, sempre se movimentando de um lugar para outro, como se estivesse apressada, mas não deixou de me incentivar, e nunca esqueci suas palavras: "o importante é ter a ideia". Fiquei impressionado e muito motivado, mas achava muito pouco ter apenas a ideia. Ela me fez parecer mais fácil do que eu imaginava. Sempre achei que para ser um escritor era necessário um alto nível de conhecimento, preparo intelectual bastante elevado. E não estava errado. Mas ela dissera apenas isso: "o importante é ter a ideia". E quer saber, ter preparo intelectual é importante, mas, para escrever, não adiantará muito se a pessoa não tiver a ideia. Com esse último ingrediente, faltando-me um preparo acadêmico, já escrevi três livros e estou com dois em andamento. Conheço pessoas com formação universitária que nunca escreveram nada. Talvez porque o que falta é mesmo a ideia. Mas ainda não me considero escritor. Acho que só vou me considerar com um pouquinho desse título quando tiver, pelo menos, com um livro publicado. Esse é o meu sonho. Não sei se um dia vou conseguir realiza-lo. Mas continuo sonhando.
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