sábado, 10 de agosto de 2013

A Arte de Escrever

Escrever é uma arte - acho que alguém já disse isso -, mas também deve ser um prazer. Se uma pessoa tem toda a técnica, todo o conhecimento da língua e do controle léxico e morfológico das palavras; se é um expert em literatura e língua, mas não tem prazer em escrever, talvez nunca produza nada realmente interessante. Acredito que a arte de escrever envolve mais sentimentos, paixão. Claro que conhecimento e técnica são importantes, indispensáveis até. Ao dizer isso fico cada vez mais em dívida comigo mesmo. Gosto de escrever, sinto prazer em fazer isso, mas acho que não é suficiente. Não, claro que não é. Mas o que posso fazer? Vou usar o que tenho - o prazer e um pouco de conhecimento; sendo que o prazer, o gosto, está em maior número. Será que isso é ruim pra mim? Talvez eu transforme esse prazer em arte. Acho muito difícil, porque tenho a mania de duvidar de mim mesmo. Auto confiança não é o meu forte. Mas vou tentar. Quando leio o currículo de muitos que publicam livros, penso: "puxa! quem sou eu!" Por exemplo, sempre vejo assim: "Formado em... pela faculdade de... participou nas pesquisas de... escreveu para o jornal... ocupou o cargo de (uma secretaria de estado)... publicou diversos livros e matérias em revistas... E por aí vai. Escritor que tem bagagem. Que tem credencial. Então, eu que não sou nenhum tolo, penso: para ser um escritor, reconhecido como tal, não basta escrever um ou dois romances, mesmo que seja uma boa história. Acredito que é preciso muito mais. Mas se eu não tenho esse mais, vou parar de escrever por isso? Não penso em agradar ninguém. Escrevo para mim mesmo, pelo simples prazer de escrever. E se alguém ler e gostar, tudo bem. Fico feliz. Que me importa currículo e status! 

sábado, 3 de agosto de 2013

Um Sonho



Quando eu ainda era jovem - entre 18 e 20 anos - o meu sonho era ser escritor. Para mim, o escritor era a pessoa mais extraordinária. Alguns colegas da prefeitura sabiam desse meu desejo. Certo dia apareceu ali, onde eu trabalhava, uma mulher, ainda jovem, vendendo seus livros. Era uma escritora. A primeira que conheci. Foi emocionante e ao mesmo tempo decepcionante, pois jamais imaginara que um escritor tivesse que andar de lugar em lugar para vender os seus livros. Um dos meus colegas me apresentou a ela, dizendo que eu também aspirava ser escritor. Ela deu uma breve atenção a mim, sempre se movimentando de um lugar para outro, como se estivesse apressada, mas não deixou de me incentivar, e nunca esqueci suas palavras: "o importante é ter a ideia". Fiquei impressionado e muito motivado, mas achava muito pouco ter apenas a ideia. Ela me fez parecer mais fácil do que eu imaginava. Sempre achei que para ser um escritor era necessário um alto nível de conhecimento, preparo intelectual bastante elevado. E não estava errado. Mas ela dissera apenas isso: "o importante é ter a ideia". E quer saber, ter preparo intelectual é importante, mas, para escrever, não adiantará muito se a pessoa não tiver a ideia. Com esse último ingrediente, faltando-me um preparo acadêmico, já escrevi três livros e estou com dois em andamento. Conheço pessoas com formação universitária que nunca escreveram nada. Talvez porque o que falta é mesmo a ideia. Mas ainda não me considero escritor. Acho que só vou me considerar com um pouquinho desse título quando tiver, pelo menos, com um livro publicado. Esse é o meu sonho. Não sei se um dia vou conseguir realiza-lo. Mas continuo sonhando.