Pela primeira vez ela se levantou do banco e se distanciou indo até à beirada do lago. Apanhou uma pedra e jogou, fazendo-a deslizar sobre a superfície da água. A pedra saiu pulando, e eu contei até mais de cinco toques antes de afundar.
Continuei no mesmo lugar, esperando que ela voltasse. Não me dispus ir até aonde estava; não tinha o direito de interromper aquele momento tão especial, de total isolamento, tanto dela como de mim mesmo, surgido por uma necessidade de nossas almas. Todos nós temos esse direito. Quando a solidão não tolera qualquer presença.
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Disse tudo o que pensava sobre a solidão, acrescentando mais alguns pensamentos, imaginando que não haveria mais nada a acrescentar.
Ela ouviu atentamente sem me interromper, e, quando eu terminei, falou:
-- Está correto, mas, para mim, ainda não é a pior solidão.
-- E nem vai me dizer, não é?
-- Se a pior solidão, em minha vida, se desfizer, terá sido por pouco tempo, e será mais cruel do que se tivesse permanecido com ela... mesmo assim eu desejo que essa solidão se desfaça.
Tive a impressão de que ela jamais me diria com todas as letras, e eu tinha mais um enigma para decifrar. Sim, porque ela toda era um enigma. Um mistério. Ela era Asoiretsim, bem lhe cabia esse nome.